Enquanto esteve na Beira, de
passagem para Lourenço Marques, o ministro das Obras Públicas, engo.
Arantes e Oliveira, percorreu a cidade em companhia do presidente da Câmara
Municipal, dr. Janeiro Neves, e do secretário provincial, dr. Andrade e Silva.
Andou o sr. Ministro por um lado
e por outro desta Beira em obras, desta Beira que precisa de obras,
principalmente de obras públicas e, de certo, o engenheiro ilustre
sentiu-se em casa ao percorrer uma cidade em contínua construção, uma cidade
inacabada, uma cidade-estaleiro.
Andou o sr. Ministro por maus caminhos e andou
muito bem, pois sabemos que essas andanças lhe quadram ao feitio além de
condizerem com a função. E também porque a Beira, só por si, justificaria um
ministério de Obras Públicas, tal como o sr. Ministro, certamente ficou a
pensar, quando terminou a sua rápida corrida por ambas as margens do Chiveve.
Por nossa parte, ficamos a pensar
em que talvez tenhamos razão se ficarmos com a esperança nos resultados possíveis
desta corrida ministerial pelos maus caminhos da Beira. Todos nos dizem e nós
acreditamos que o engo. Arantes e Oliveira, além de técnico competente e de
conceituado homem público, é pessoa de boa vontade e coração, que não deixará
de se lembrar com interesse construtivo e solidariedade activa, desta jovem
cidade que lembra uma rapariga partida, engessada, com muletas.
A.
V.
Notícias da Beira –
Pág. 3 – 17 de Setembro de 1966
Obs.: “A. V.” era o pseudônimo do Gouvêa Lemos, usado
quando ele acreditava que o seu texto poderia ser censurado se colocasse o
habitual G.L.. A. V. era na verdade a sigla de António Veríssimo, os dois
primeiros nomes de António Veríssimo Sarmento Gouvêa Lemos.
Nuca me canço de reler os escritos do meusaudoso cunhado Gouvêa Lemos...Nenhum outro jornalista moçambicano defendeu tanto, enquanto pôde, as justas causas em favor de Moçambique...
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