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sábado, 31 de outubro de 2009

Momento de Poesia

Anoitecia quando eu passei
Na doca dos pescadores.
Uma lanterna luzia à ré
Duma traineira sem nome.
A mancha dos mestres humildes
Sem nenhuma galhardia
Riscava de carvão
A cinza do anoitecer.
E parando-se a olhar
—Olhando somente o mar—
Eu parado não sabia
Se os homens são bons ou maus.
Passou um carro a zunir
E lá dentro vozes riam.
Depois fiquei só, mais a noite
Mais os barcos e a lanterna,
Submersos em maresia.
Um vulto, de repente
Roubou a luz amarela
Àquele nocturno palpável,
—Oh! João! Já vais?…
Da terra ninguém respondeu.
Só se ouviu de novo o mar.
E enquanto ali fiquei
—Preso ao mar e libertado—
Por mais que eu procurasse,
Nenhuma ideia encontrei
—Nada que me lembrasse
Problemas sociais.
As palmeiras da avenida
Com o vento recitaram
Umas frases sem conceito.
E nada mais.

Gouvêa Lemos

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