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sábado, 3 de abril de 2010

38 anos sem o Pai e jornalista Gouvêa Lemos

Há 38 anos, a 02 de Abril de 1972, em um Domingo de Páscoa, falecia Gouvêa Lemos aos 47 anos de idade.
Estávamos, eu e mais 3 irmãos, nas areias da praia de Ipanema no Rio de Janeiro junto a uns tios e amigos destes. Todos na expectativa do Almoço de Páscoa que iria acontecer em nossa casa, cuidadosamente e carinhosamente feito pela Madalena, onde a família iria festejar a Páscoa mas mais ainda o restabelecimento do pós operatório do mais velho dos Gouvêa Lemos.
Lá em cima, no Bar do Castelinho onde antes ele gostava de tomar o seu choop, estava na companhia da sua sempre companheira Madalena e de um dos filhos, o António Maria, e ainda com o proprietário do Castelinho com quem batia sempre um bom papo.
A certa altura, lá da praia, ouvimos da marginal uma freada de carro, uma buzinada. Em segundos, ao vermos que chegava em correria à nossa barraca o Tó Maria, deduzimos que a freada e a buzinada tinham sido causadas pela sua louca e apressada travessia da marginal da praia para logo nos alcançar e nos dizer:
- O pai desmaiou!
O Pai, quando levava um copo de suco de laranja à boca, deixou-o cair e tombou para nunca mais acordar do “desmaio”.
Ali, aos meus 11 anos de idade, perdi a oportunidade de conviver com ele com uma maturidade onde poderia ter aproveitado melhor os seus ensinamentos. Ali os meus irmãos mais velhos, mas não tanto, também perderam o seu herói. A sua companheira, Madalena, assumiu de imediato esse posto, Mãe e Pai.
Mas se nós perdemos, sei também que Moçambique perdeu definitivamente naquele Domingo de Páscoa o jornalista e Homem que ainda tanto teria para doar aquela terra que ele passou a amar quando emigrou de Portugal.
Se Gouvêa Lemos mostrava ter desistido de Moçambique colônia naquele inicio de 1972, quando o deixou para vir para o Brasil, tenho hoje eu a certeza que se não tivesse falecido tão precocemente não demoraria a retornar.
Mas se por muitos anos, depois da ida dele, fui ainda educado pelo meu Pai através dos seus amigos e pela minha Mãe quando me faziam o conhecer pelo o que eles o conheceram, sem medo de errar e fugindo de qualquer aparente prepotência, sei também que o jornalista Gouvêa Lemos deixou legado para o jornalismo, e não só, de Moçambique.

* O retrato do Pai é do pintor e poeta luso-angolano Neves e Sousa.

14 comentários:

  1. Obrigada por teres partilhado este pedaço de dor que guardam na vossa alma. É muito importante manter a lembrança do passado presente.
    Um beijo grande para vcs todos.
    Ana

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  2. Ana,
    Obrigado a ti por teres vindo aqui partilha-lo com a gente.

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  3. Obrigado mano por lembrares da partida dele. Desde pequeno aprendi a conviver com o facto que afinal não eramos só seis irmãos, e sim sete; O jornalismo, na forma de apurar a verdade independete das ideologias próprias, foi o filho que mais atenção teve dele.

    Beijos, sempre unidos pelo aprendizado dele,
    Tó Maria

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  4. Pouco posso acrescentar, Zé Paulo...
    Pai faz sempre falta. Mais ainda quando, além de Pai, é Exemplo, Herói e Amigo.
    Abraço e que as recordações neste Domingo de Páscoa tragam Paz e a luz do nome Gouvêia Lemos.

    Jaime Luis Gabão

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  5. Jaime,
    És uma pessoa especial.
    Obrigado por nos visitar.
    Forte abraço.

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  6. Mano Tó,
    Sem dúvida que havia o mais velho, o jornalismo.
    E ainda bem que ele esteve sempre entre nós, pois assim representou sempre muito bem o Pai na sua ausência.
    Nós dois sabemos que o que ele escrevia era simplesmente resultado do homem que era. E fomos de fato felizardos em sermos os filhos mais novos deles, do António e da Madalena.

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  7. O luto ainda não feito, por todos os irmãos, é notório sempre que falam de Gouvêa Lemos.
    Foi uma perda demasiado cêdo, a herança por demais valiosa.
    Eu compreendo, todos nós compreendemos, penso eu, todos os que perdemos um ente querido e a saudade não tem fim.
    Um abraço para todos, theo

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  8. Sem duvida, uma perda para o jornalismo Mocambicano.Mas felizmente aqui estas tu para nos fazer conhecer esse homem de grande talento. Desejo-te uma pascoa com muito boas lembrancas Jose Paulo!

    Um abraco.
    Gigi

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  9. ...continuem sp a homenageá-lo. Foi um grande Jornalista. Uma perda mt grande, eu testemunhei isso pela reacçao que vi Moçambique ter ao receber a notícia! Um beijinho a toda a família.

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  10. Um beijo para a Theo e outro para a Marinha.
    Não posso deixar de aqui lembrar que a Marinha foi colega de turma do Tó Maria na Escola do Macúti.

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  11. Deixo um abraço dos grandes, como aquele que sempre uniu nossas Famílias.

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  12. Só agora consegui vir ler o teu testemunho, sobre o Pai, Zé Paulo. Não conseguia pois na minha memória ainda me bate muito forte, aquele domingo de Páscoa. Como o fiz lá, após a morte do Pai, preferi ficar no silêncio.
    Como filha dele agradeço a todos os que aqui se manifestaram.
    O Pai sempre estará ao nosso lado assim como a Mãe e a Mª João
    Beijos carinhosos,
    Bébé

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