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quinta-feira, 3 de junho de 2010

PARA UM RETRATO DA MINHA AMIGA CIDADE (04)

Sobretudo a praia, a praia principalmente. Eis o grande atractivo turístico da turística Lourenço Marques. É certo que há os camarões e os lagostins. É certo. E as lojas dos chinas e a arte indígena. O ambiente muito continental dos hotéis e a pincelada ibérica das touradas. E a hospitalidade, também, de que as turistas (nem sempre) se queixam. Mas a praia, sim, é que dá o tom. Por isso a marginal é o que é, e se tornou obrigatório rodar por ali, doze quilômetros a ir, doze quilômetros a vir. E por isso, também o Sr. Alves Pinheiro se embasbacou e falou dos “seus clubes navais”... Por trás dumas grades acampam turistas vermelhos que comem bananas. A gente vai vê-los, quando eles não estão comendo bananas e sim a porem-se vermelhos sobre a areia. Convencionou-se que elas são todas “giras”, o que dá uma certa alegria à rapaziada, que se embebeda, também convencionalmente, com coca-cola.

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Do sétimo andar caiu um belo vasinho de avencas. Escarrapachou-se no tejadilho do Hilman do senhorio. Um magnífico fim de tarde, prenhe de interesse, espumante de agitação. O senhor Freitas, seu marido, prefere a pesca de paredão. Ao menos ali, ninguém o chateia nem fala de ninguém. Deixou foi de levar o “transistor” para pousar na balaustrada, pois afastava os safios.

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Além da pesca desportiva, há a outra, sobre qual as teorias são diversas, parecendo, porém, provado que nas águas do Canal de Moçambique pescam bem os japoneses. Entretanto poveiros em traineiras, gente de Marracuene em “tatarjos”, indianos em barcos à vela, lá vão trazendo o teu peixe, amiga cidade. Arrancado a pulso, com saber e paciência, ao teu amado Índico. Mulheres, de filhos no dorso, varam a noite, metidas na água salgada até às coxas, caçando mariscos para o teu caril dominical e para ornamento da rendosa “season”. Peixe e mariscos para regatearmos bem regateados, que a visa, assim a subir... mas que grande roubalheira!


(continua...)
 
Foto da Marginal de Lourenço. Pescada no blog Diary of a Stay at Home Mom
 
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3 comentários:

  1. O meu tio era um dos maiores amantes desta praia. Aí ele "pescava" o olho às bifas. Das famas não se livrou. O meu pai, que não gostava de praia, usava-a como cenário ideal para as técnicas da sedução, vulgo engate, que aprendia em matinés do Scala, sábado atrás de domingo e domingo atrás de sábado. Nesta praia o sol só queimava até ao tom certo da conquista. Nunca queimou até à doença, nem até ao medo. A minha tia saltava da prancha e nadava como uma sereia. Tenho saudades mas não as quero matar.
    Beijinhos, Zê Pê!

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  2. Micky Diogo da Silva3 de junho de 2010 às 20:04

    Quero mais!

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  3. vou me deliciando com ele :-))

    Tareca

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