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sábado, 31 de outubro de 2009

Ainda o Poeta Craveirinha

Gouvêa Lemos

Mais
Uma vez esses
Teus princípios de costume
Em começar o próprio destino
Na eterna mudança

Meu
Doido poeta
Sempre na aventura de partir
Não indo embora


Racismo

Comeste
À mesma mesa o branco
Arroz da mulata Maria servindo-te
O molho da mútua fraternidade.

Era
Essa a tua guerra
Ou era só isso o teu excêntrico
Racismo?


*Clique sobre a imagem para ler os poemas datilografados pelo Poeta.

8 comentários:

  1. Gigi Guerreiro
    Lindo.....!
    27 de outubro às 16:32 · Excluir

    Comentário feito no "Faceboock", onde surgiu a idéia de se fazer este blog.

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  2. Terezinha Moreira de Carvalho
    Parece que conseguiste guardar algumas relíquias do tio fico feliz p vcs
    27 de outubro às 07:53 · Excluir

    Comentário feito no "Faceboock", onde surgiu a idéia de se fazer este blog.

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  3. Inflizmente não conseguimos quanto eu gostaria, e ele merecia, pois houveram dois eventos que nos fizeram perder muita coisa.
    A Mãe tinha uma grande coleção de crónicas, ainda em edição, e censuradas, parciamente ou integralmente. Em uma inundação na nossa casa, ainda em 1977, perdeu-se isso tudo e outras coisas. Depois, haviamos juntado um vasto material para enviarmos a Portugal, a pedido de uma pessoa de lá, e isso se extraviou...
    Felizmente quando a Mãe morou comigo deixou ainda pouca coisa em minha casa, e ésse material que pretendo colocar por aqui, além de mais alguma coisa que me conseguiram me enviar daí.
    Beijos,
    Zè Paulo

    Comentário feito no "Faceboock", onde surgiu a idéia de se fazer este blog.

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  4. É sempre bom preservar as memórias, especialmente daqueles que nos são queridos.

    - A transcrição do poema Racismo, tem um erro em Arroz;

    - Que pretendia dizer o Poeta Craveirinha com este mesmo poema, dedicado a Gouvêa de Lemos - qual a interpretação - podem ajudar?

    Gratos.

    Bem sucesso.

    umBhalane

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  5. umBhalane,

    Obrigado pelo alerta sobre o erro ortográfico que identificou (já corrigido).

    Só arrisco a interpretar o motivo da iniciativa do Craveirinha, não afirmar.
    Voce pode perceber que o Craveirinha era um admirador do GL, e uma das características da personalidade do GL admiradas pelo Poeta era a forma como o Pai se relacionava com todos. GL era daltonico, socialmente e racialmente falando. Uma das variáveis, com toda a certeza, foi de mais uma vez o Craveirinha realçar esta caraterística do seu amigo GL. Outra, creio que possa estar vinculada que algumas vezes o GL foi caracterizado por alguns como sendo um racista às avesas. Poderá ter exisitdo algum episódio especifico, que não o conheço, que tenha incentivado o Poeta a escrever o poema naquele momento.
    Mas como disse, interpretações, e não factos comprovados.
    Cordial abraço,
    Zé Paulo

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  6. A admiração era mùtua. Pois quando o nosso pai falava do "tio Zé", percebia-se o respeito e carinho que ele tinha por esse seu amigo, um dos "chapas" mais chegados. E pelas escrituras de conteúdo crítico-social que naquela época o Zé Craveirinha já escrevia, arriscando a sua vida, o nosso pai o admirava pela coragem e seu estilo literário. Me lembro que na penúltima vez que tive o prazer de passar uma tarde com o Zé Craveirinha. (Na ultima vez, infelizmente já só pude o ver em coma, meses antes de vir a falecer) Naquela tarde da penúltima vez... o passado dele com o nosso pai foi um presente tão relembrado, que por um momento me senti numa daquelas tardes dos idos anos setenta, passadas na casa dele e "tia" Maria, sua corajosa esposa. Percebi que quando ele me abraçava, abraçava um passado saudoso, do qual fui só uma ínfima parte. Com ele e sua esposa,nossos pais, e outros "chapas" daquela altura, aprendi que os Homens não têm côr. Que ambos não se deixavam influenciar por "tiros para o alto", viessem eles de que lado fosse. Mais do que pela côr das pessoas, eles lutavam pela mesma igualdade social, aceitando a côr como um acessório humano, e não como algo que nos desse o direito de sentir superior, ou mesmo, usar como um manto para se vender como vítima. Independentemente da côr e origem de ambos, eles eram Homens da mesma linhagem de valores e carácter vertical. O Respeito era pelo Homem em si, o objetivo; um mundo melhor para todas as raças.

    Tó Maria

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  7. "Mais do que pela côr das pessoas, eles lutavam pela mesma igualdade social, aceitando a côr como um acessório humano,..."

    E era natural este modo de estar. Não era para eles um discurso estratégico para que depois ficassem no "venha a nós o vosso reino".

    Valeu, Tó Maria!

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  8. Muito obrigado pelo v/depoimento em 1ª pessoa.

    É muito bom conhecer as facetas mais íntimas desses Homens.

    "Craveirinha é um Humanista", disse Rui Knopfli.
    E tinha razão.
    Ainda bem.

    Conhecendo os Homens bem, melhor se conhecem os seus escritos.

    Cumprimentos a ambos,

    e obrigado.

    umBhalane

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