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quinta-feira, 17 de dezembro de 2009

O CARNAVAL - 1958

Hoje, 18 de Dezembro de 2009, o Pai faria 85 anos. Como tenho tido dificuldade de escrever -  Freud talvez explicasse - sobre e para ele neste blog criado para o homenagear, vou mais uma vez no meu ritmo de aqui colocar o que é o maior foco deste espaço; o de dar a conhecer o que um homem pensava e como jornalista escrevia em outros tempos, décadas e ditaduras.
No seu aniversário de 1957, a 18 de Dezembro, GL escreveu sobre o carnaval carioca. Um carnaval que se de 1957 para cá mudou muito, onde grandes interesses financeiros tiraram muito da sua pureza, na sua essência não mudou tanto de como GL tentou o descrever.

Zé Paulo



O CARNAVAL - 1958
Por Gouvêa Lemos  - Coluna Mesa Redonda

Fala-se já em Carnaval e projecta-se um renascimento dessa pândega anual, em Lourenço Marques. Muita gente deve achar cedo para se falar de Carnaval, mas eu lembro-me agora de que, nesta altura, no Rio de Janeiro se conhecem os êxitos musicais do próximo Carnaval carioca. Já os compositores se afobam e os poetas se afadigam, lançando no mercado os sambas que hão-de marcar os bamboleios dos blocos e cordões de sábado a quarta-feira de cinzas. Já as escolas de samba, de Cascadura á Praia do Pinto, ensaiam e capricham nos coros, nos trajes e nas evoluções dos passistas. Já seu Ataúlfo e as suas pastoras gravaram um samba de morro, dos autênticos, do estilo - Amélia é que era muié di vêrdadje. E a onda dos plagiadores já foi buscar a inspiração aos clássicos do samba. E já se canta o que há-de fazer rêbolá e se esbaldá - todo o mundo - nas ruas.
Não serão as composições de melhor melodia e de versos mais bonitos as que se hão-de sagrar vencedoras nas preferências da multidão, comprimida, farrapeira embriagada e enfurecida pela febre de se divertir, mas submetida ao ritmo dominador, contínuo, uniforme - que se entranha nos corpos e parece estar até na atmosfera - o ritmo do samba.
Vencerão aquelas que têm sabor de Carnaval. As que fazem gingar os quadris, abanar os troncos, descair as cabeças para trás e arrastar os pés, a compasso.
Sabem como é? Se não viram, não sabem e eu também não sei explicar - como ninguém soube, até hoje.

[Notícias da Tarde, Lourenço Marques, ano VI, nº. 1698, 18 de Dezembro de 1957.]

Foto: Da esquerda para a direita, cantores Blecaute, Eloína, Orlando Silva  com Wilza Carla que foi eleita por voto popular a Rainha do Carnaval de 1958. Fonte: Blog PandiniGP

Um comentário:

  1. Pois é, nada melhor do que se comemorar um aniversário dele, com um artigo que fala de Festa.

    Beijos
    Tó Maria

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